Um erro muito comum, que me
incomoda, mas que parece não receber a devida atenção no meio acadêmico, é o
erro de regência verbal. Quando a frase é direta, é fácil perceber o erro. O
problema é que, em orações subordinadas, quando o objeto é substituído por uma
oração, o erro de regência parece se ocultar na complexidade da frase.
Vejamos um exemplo bem cotidiano
para ilustrar o que eu digo.
“Ela gosta do rapaz.”
O verbo “gostar” exige a
preposição “de” e acho que mesmo quem não é muito fã de gramática jamais diria
“Ela gosta o rapaz”. Essa é uma frase simples, direta, de uma única oração.
Agora vejamos o que acontece quando colocamos essa oração como subordinada de
outra.
“Esse é o rapaz que ela gosta.”
Temos dois verbos nessa frase,
portanto duas orações. O verbo “ser” em “esse é o rapaz”, e o verbo gostar em
“que ela gosta”. O problema é que a construção dessa frase está errada. E o
erro está justamente na regência verbal do verbo gostar. Ele é transitivo
indireto e sabemos que ele exige o “de”, como já dissemos mais acima. A oração
“que ela gosta” é uma oração subordinada adjetiva restritiva. Ela faz o papel
de um adjetivo que qualifica e restringe a palavra “rapaz”. Esse não é qualquer
rapaz. É um rapaz especial. O pronome
“que” nessa oração tem a finalidade de evitar a repetição da palavra “rapaz”.
Separando as orações e substituindo “que” por “rapaz”, a segunda oração ficaria
“ela gosta o rapaz” ficando assim evidenciado o erro.
A construção correta dessa frase
seria, então: “Esse é o rapaz de que ela gosta.”
Esse é um erro muito comum que é
fácil de ser encontrado em letras de músicas, campanhas publicitárias,
manchetes e notícias de jornal. Basta estar atento. Na minha opinião, isso
evidencia o descuido com que esse tema é tratado nas aulas de gramática. Como
pode um publicitário ou jornalista cometer um erro desses?
Veja o exemplo de uma canção que
fez muito sucesso um tempo atrás.
“Chorando se foi quem um dia só
me fez chorar.
Chorando estará ao lembrar de um
amor que um dia não soube cuidar.”
Você, leitor, sabe me apontar
onde está o erro de regência verbal? Depois da explicação acima fica fácil
percebê-lo, não é?
Então, se você ama o português
como eu, não vai deixar passar esse tipo de erro.
Mostre pra mim que você está
atento. Comente sobre outros erros semelhantes de regência verbal encontrados
por você em músicas, notícias ou campanhas publicitárias.
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